16/03/2006

Top Gear

Uma benção que a BBC largou sobre o público é um programa de uma hora semanal de seu nome Top Gear.

No que é que consiste o Top Gear?

Simples. Carros. Carros que se adoram. Carros que se odeiam. Mas dificilmente carros que ficam a meio-termo, que não aquecem nem arrefecem. E muitos, muitos testes... como dizer... alternativos.

Apresentadores

Jeremy Clarkson – o mais velho, mais alto, mais experiente e mais escandaloso de todos. Jeremy tem sempre opinião e nunca tem medo de a dar, seja ela boa ou má. Por causa disso muitas marcas já se recusaram em colaborar com o programa. O seu traje de eleição são blazers, calças de ganga e botas, conseguindo já arrecadar variadas vezes o prémio de “Worst dressed celebrity”. Conseguiu a proeza de ser banido dos concessionários da Hyundai, e era considerado persona non grata pela Rover. Pois bem, a Rover acabou e o Jeremy ainda cá anda. Quem é que ficou a rir-se por último? Costuma ser ele a ensaiar e ir para a estrada com os carros verdadeiramente potentes.

Richard Hammond – o mais novo, mais baixo e mais... betinho. Nota-se que Richard não tem grande talento para conduzir os carros como os seus colegas, mas o seu entusiasmo compensa a relativa falta de experiência. Foi incrivelmente gozado, durante vários episódios, quando, a conduzir um jipe preparado para corrida (esqueci-me do nome), ter exclamado excitadamente “I AM A DRIVING GOD!!”. Costuma ensaiar os carros mais pequenos (em conjunçãocom o May) ou os mais estranhos.

James May – o gentleman. Mantém sempre a calma e a compostura, exceptuando uma vez em que desceu uma pista coberta de gelo ao volante de um Mitsubishi Lancer WRC conduzido por Henning Solberg. Costuma conduzir os carros mais luxuosos ou antigos. É o equilibrio no programa.







Stig – é o piloto de testes. Já sofreu uma morte (antes vestia-se de preto) e renasceu como uma fénix das cinzas (agora veste-se de branco). Nunca se ouve a voz dele e a sua identidade continua um mistério, ocultada por um capacete (para quem não usa o google, claro...). Os seus objectivos são testar os carros em pista e ensinar outras pessoas que lá vão (celebridades) a conduzir na pista.

Premissas do programa

1 – Testar carros. Muitas vezes em localizações exóticas, mas ao menos podem dizer que os experimentaram a sério (idas à Islândia, conduzir superdesportivos num vasto areal no País de Gales, ir ao ponto mais a norte da Grã-Bretanha com apenas um depósito de combustível...). Fazem questão de apontar os defietos dos carros e quando não gostam, não gostam mesmo e fazem-se ouvir.

2 – Comparar a condução de estrelas, fazendo-as todas guiar o mesmo carro, um Suzuki Liana. O segmento chama-se “Star in a reasonably-priced car” e vê-se de tudo. Um convidado quase que ia capotando ao cortar a penúltima curva. Já destruiram várias vezes os espelhos retrovisores ao carro. Uma estrela, David Soul, sendo americano não estava habituado a carros com mudanças manuais e estragou a caixa de velocidades em menos de dois minutos. Deram-lhe o Liana de substituição para as mãos (igual ao primeiro) e fez exactamente o mesmo. 300 contos de reparação em cada um. Ficou barata a ida dele ao programa...

3 – Testes absurdos, e aqui reside a alma verdadeira do programa, e é o que o distingue de todos os outros. Quem seria capaz de se lembrar de tentar destruir uma caravana (ódio de estimação de todos eles por serem verdadeiros empecilhos) por fazê-la andar extremamente depressa para ver se se desfazia com o vento? Quem seria capaz de ver a quantidade de abusos que uma pick-up Toyota aguentaria, fazendo-a colidir com muros, árvores, um pré-fabricado, fazedo-a submergir durante horas no mar de Bristol, fazendo-a pegar fogo (!), massacrá-la com uma bola de demolição (!!) e piéce de resistance fazendo-a cair de uma altura de 60 metros (!!!) aquando da implosão de uma torre de andares? O mais impressionante foi que não só, no fim disto tudo, a pick-up ligava-se, mas ANDAVA! Era guiável!

Outros testes absurdos incluem sairem desde os estudios até Monte Carlo, com o Jeremy num Aston Martin e os outros dois em comboios (Eurostar, TGV), o qual Jeremy ganhou. Outro incluiu Irem desde Nice até à NatWest Tower em Londres para levarem trufas, Jeremy partiu num Bugatti Veyron (brilhante carro!) e os outros dois num avião monomotor(!). Jeremy ganhou novamente.
Mas os mais brilhantes são os teste do desespero ou simplesmente absurdos, como fazer um Mini Cooper descer um trampolim de ski com skis amarrados às rodas (e conseguiu), uma descida no gelo lado a lado com um bobsleigh, o malfadado Porsche challenge, onde tinham que comprar, cada um, um Porsche por menos de £1500 e fazer uma série de provas com eles (falhando miseravelmente porque os carros estavam todos podres)...

Conclusão: o programa de carros feito a pensar não só em quem adora carros, mas também em quem gosta de se divertir e rir, mesmo que não perceba nada de motores. A cinematografia e enquadramentos são dignos de Hollywood e os episódios são muitas vezes usados em aulas de técnicas de vídeo e cinematografia para ilustrar o “bom” que se faz. A não perder, especialmente se se tiver sentido de humor. Todos os domingos na BBCPrime, às 11h.

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