Quatro equipas se perfilam como fortes candidatas às vitórias: Renault, Ferrari (após um ano para esquecer), McLaren e Honda. Num dia de sorte pode ser que a Williams também consiga meter o bedelho.
Segue-se uma breve análise equipa-a-equipa e piloto a piloto:
Renault – ganhou o título de pilotos (com Alonso) e de construtores, não pela espectacularidade e não pela velocidade, mas pela fiabilidade. Era quase impossível ver um Renault com problemas mecânicos. Alonso tornou-se campeão, provavelmente um dos mais amorfos de sempre. O patrão da F1, Bernie Ecclestone, ficou furioso com a sua personalidade recatada, ao ver o desinteresse do público e dos patrocinadores neste jovem. Fisichella estranhamente continua como piloto, apesar de ser óbvio que a equipa não confia muito nele (quem se lembra de ouvir as comunicações rádio no ano passado com insistentes pedidos de “DON’T PANIC!”? Eu lembro-me).
Este ano as relações entre a Renault e Alonso estão algo tensas, porque este anunciou, antes do início da época, que ia para a McLaren em 2007. Estúpido estúpido estúpido. Assim a equipa não lhe pode confiar, obviamente, segredos mecânicos, que ele poderia transportar para a McLaren, além de criar algum mau ambiente na box.
McLaren – os grandes derrotados da época passada, muito por culpa dos motores Mercedes. Um Fiat Uno de 1989 conseguia andar mais quilómetros antes de se avariar. Ainda antes do início da época os pilotos se queixaram que o motor Mercedes era o menos potente na grelha, e com razão, além de continuarem a ter problemas em se manterem inteiros durante os testes de pré-época. Raikonnen, o menino-prodígio, é conhecido pelo seu excelente desempenho, assim como pelo seu gosto por bebedeiras e bares de strip e algum mau-feitio quando as coisas correm mal. É como se fosse um novo Ayrton Senna ou Nelson Piquet, mas em versão loira e finlandesa. O seu companheiro de equipa é Juan-Pablo Montoya, um jovem gordinho com muitos tomates mas pouca cabeça. Capaz de momentos brilhantes que passam a desesperantes no minuto a seguir. Já nos mostrou algumas das mais belas ultrapassagens na F1 actual, assim como despistes de se tirar o chapéu.
Ferrari – após um ano para esquecer verdadeiramente, em que tinham um carro com aspecto e andamento de tartaruga, voltam em força para 2006. Ao comando está M. Schumacher, raposa velha e hepta-campeão do mundo, com sede de títulos depois de ficar em branco na última temporada. Tem um novo colega de equipa (a Ferrari é a única esquadra que tem explicitamente um piloto principal e um piloto secundário), Felipe Massa, brasileiro, bom rapaz, mas com pouca garra. Veio substituir um brasileiro com ainda menos garra.
Honda – Regresso oficial da Honda à F1, mais de três décadas depois. Após um bom campeonato o ano passado, sob o nome BAR-Honda, regressam este ano com apenas uma ideia na sua cabeça colectiva: ganhar a primeira corrida. Candidatos: Button e Barrichello. Button tem sido visto nas ilhas britânicas como o sucessor de grandes pilotos desse arquipélago, como Stirling Moss e Graham Hill e Nigel Mansell. O que é facto é que o rapaz já fez mais de 100 grandes prémios e até hoje nunca concretizou. Nada. Zip. Niente. O que segundo as estatísticas é mau. Poderá ser ele o primeiro piloto que passa dos 100 grandes-prémios e só então é que ganha a primeira corrida? O seu colega de equipa Barrichello saiu em ruptura bem acesa com a Ferrari e parecia ter entrado na pré-época com chama bem acesa, mas em corrida revela uma falta de passo gritante.
Williams – Viram-se gregos na pré-época: a BMW retirou o apoio dos motores (foi comprar a Sauber), perdeu o title-sponsor, a HP, e mudou de pneumáticos muito em cima da hora, já para não falar da polémica do contrato com Button. Parecia uma época talhada para o desastre. Mas não. O novo motor Cosworth revelou-se o mais potente da grelha (quem diria, hein?), o novo carro é bastante mais equilibrado que o anterior e tem dois pilotos cheios de vontade, Webber e Rosberg. O estreante Rosberg deu excelente impressão de si logo na primeira corrida, fazendo uma prova muito equilibrada e mostrando espirito de combate. Estará aqui um sucessor e Schumacher no coração dos alemães? Terá Frank Williams descoberto (mais uma vez) um potencial campeão do mundo?
Toyota – a desilusão. Para o dinheiro todo que investem na fórmula 1 deveriam ter resultados fabulosos, mas o que se verifica é uma dificuldade extrema para sequer alcançar os lugares pontuáveis. Os pilotos, Trulli e Schumacher, não ajudam. Trulli começa a revelar alguma lentidão com a idade, e Ralf Schumacher é a inveja de todos os calões: nunca se viu ninguém tão mau numa actividade ser tão bem pago como ele é.
Red Bull Racing – nascida no ano passado das cinzas da Jaguar (após a Ford a ter vendido à Red Bull por “estar farta de largar dinheiro”), investiram uma porrada de dinheiro. Os resultados na primeira época foram satisfatórios, terminando muitas vezes nos pontos. Esta época será mais dificil, pois Honda e Williams parecem estar em melhor forma. Os pilotos são repetentes nestas andanças, Coulthard e Klien. Coulthard nunca conseguiu impor-se na F1 e já tem pelos brancos na barba. Klien, o austríaco, só está na Formula 1 porque a Red Bull pertence a um austríaco. Simples, não?
Scuderia Toro Rosso – o maior caso de desrespeito na F1? Parece que sim. Por portas e travessas, a Toro Rosso é a única equipa este ano a usar um motor V10 do ano passado, quando todas as outras têm que usar os novos V8, menos potentes. As regras são explicitas quanto à partilha de chassis entre equipas (é proíbido), mas só um parvo não vê que o Toro Rosso é o Red Bull do ano passado pintado de forma diferente. Mais ainda: o dono e a direcção técnicas são os mesmos da Red Bull (daí chamar-se Toro Rosso...). Embora afirmem sempre que são equipas concorrentes, esta concomitância não é de certeza benéfica para a verdade desportiva. E last but not least, o desrespeito da Red Bull pelo mítico nome Minardi (da qual nasceu a Toro Rosso quando a Red Bull a comprou). Os antigos donos da Minardi não mudaram o nome quando a compraram. O Ron Dennis não mudou o nome da McLaren quando a comprou. A BMW não mudou o nome da Sauber quando a comprou. Mas a Red Bull esteve a cagar-se para mais de 20 anos da história da F1. Os pilotos são Vitantonio Liuzzi, italiano, e Scott Speed, americano. O italiano deu banhadas gigantescas ao americano, que não está mesmo nada acostumado a correr em pistas que não são ovais.
BMW Sauber – Fartos de andarem a fornecer os seus motores à Williams, que não desenvolvia nada (vitórias, cadê?), a BMW bate com a porta e compra uma equipa já existente do meio da tabela, a Sauber, arrastando o piloto alemão da Williams Nick Heidfeld para a nova equipa (claro que tinham que ter um alemão, isso vende no mercado germânico). O colega de equipa de Heidfeld é Jacques Villeneuve, ex-campeão do mundo em 1997 e que desde então nunca mais conseguiu fazer nada de jeito. Tem um tendência algo absurda para entrar em parafuso quando não deve.
Midland F1 – Basicamente a estrutura da antiga Jordan, com outro nome e outra cor no carro (do amarelo para o preto e vermelho). Condenados a pernoitar no fundo da tabela, a não ser que aconteçam milagres ou hecatombes. Têm como grande vantagem uma fiabilidade mecânica a toda a prova, que permitiu que pelo menos um dos seus carros acabasse em todas as provas do ano passado, e um motor Toyota poupadinho e com força. Os pilotos são o lusitano Tiago Monteiro, melhor rookie do ano passado, e Christijan Albers, holandês, muito rápido, que transita da Minardi.
Super Aguri – Até agora, a anedota da F1. Têm um forte apoio institucional da Honda, mas estão a correr com chassis já com 4 anos de concepção e portanto, completamente desadequados da realidade actual (e são os chassis da Arrows, que já não eram grande coisa para começar...). A única coisa de jeito nesta equipa é o motor Honda novinho em folha, e provavelmente os pneus. Pela confusão nas boxes no primeiro grande prémio (os dois pilotos entraram AO MESMO TEMPO) vê-se que ainda reina a balbúrdia. Os pilotos não ajudam: Um é Yuji Ide, estreante, muito verde ainda e propenso a erros. O outro é Takuma Sato, que muito obviamente não usa a cabeça quando se senta ao volante e foi responsável, só no ano passado, por vários acidentes cruciais que metiam quase sempre outro piloto fora de pista.
1 comment:
Não digas coisas dessas que eu fico envegonhado... (só por essa graxa, tens direito a mais dois escravos e duas bolsas cheias de sobrões de ouro)
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