19/03/2006

A espera...

Já cantavam os Tool no seu album de 2001 (“Lateralus”), faixa 3: “The Patient”

But I’m still right here
Giving blood, giving faith
I’m still right here…
The waiter…

Sobre uma pessoa que espera ou pela alma gémea ou que a pessoa com quem vive se torne na alma gémea. Noutra banda, A Perfect Circle, este mesmo vocalista cantava na música “3 Libras”:

(...)

you don't see me
but i threw you the obvious
just to see if there's more behind the eyes
of a fallen angel,
the eyes of a tragedy.

here i am expecting just a little bit
too much from the wounded.
but i see through it all
and see you.

so i threw you the obvious
to see what occurs behind the eyes of a fallen angel,
eyes of a tragedy.

oh well. apparently nothing.
you don't see me.
you don't see me at all.

Novamente sobre expectativa de alguém se tornar alma gémea, ou melhor, que reparem no seu potencial (do sujeito) de o ser...

E se a alma gémea não existir?
Ou pior, e se a expectativa de encontrar uma alma gémea fôr irrealista?

Filmes, música, literatura... a cultura mainstream incute nas pessoas, desde pequenas (começa com a porra das histórias da carochinha e da Bela Adormecida e Branca de Neve e o camandro – há sempre um sacana dum príncipe encantado) esta ideia de que algures há alguém que nasceu para nos completar...

...volto a perguntar: e se não houver? Há algumas garantias que essa pessoa exista mesmo? Alguém que nos complete na totalidade?
E se houver: será o “príncipe encantado” (ou princesa, nem toda a gente gosta de baunilha nem toda a gente gosta de chocolate) aquela pessoa que é melhor para nós?

O que eu mais vejo, entre os meus amigos e não só, são os “príncipes encantados” transformarem-se em sapos ao fim de algum tempo: podem ser meses, podem ser anos. Também vejo quem não ligue nenhuma a isso. E vivem muito bem assim.

Embora fossem type characters, as gajas do Sexo e a Cidade eram bons exemplos:
Samantha, não procura e não quer saber. Se aparecer, apareceu. Se não aparecer, ao menos vai espanejando as teias de aranha. A Ruiva (nome?), encontrou outros substitutos, como o trabalho e o filho, e não se sente menos feliz por isso (lá voltou para o gajo, mas foi efeito secundário). Carrie sabe quem é mas sabe que ele lhe faz mal. Solução: vai espanejar as teias de aranha por outro lado e vai tentando com outros, nunca sente o mesmo que com o Big mas não se sente incompleta. Charlotte é a única que vive com essa obsessão/preocupação, e aparenta ser mais ansiosa e infeliz que as outras três.

Pragmatismo: se ele ou ela não aparecem, que fazer?
Continuar à espera?
Continuar a dar importância a isso?
Contentar-se com “the next best thing”?
Ou redefinir prioridades, e não se preocupar muito mais com isso?

E se ele ou ela aparecerem?
Serão aquelas pessoas que realmente precisamos a nosso lado?
Serão as pessoas que nos fazem melhor?
Valerá a pena o esforço?

Esta cultura, pá...

5 comments:

Anonymous said...

Miranda!
Inculto!

Porcotte Pink said...

Comparares a generalidade das mulheres reais com personagens fictícias como essas imbecis, nem sei que te diga. Acho que nem merece resposta!

Sari said...

Ok, mas isto são séries, filmes... não é a realidade...

Mas já agora, não concordo com as análises feitas... vamos lá ver:
O que se torna giro no final da série do Sexo e a Cidade é que no fundo TODAS encontram a sua alma gémea, mesmo sem querer. A Samantha que tanto não queria saber, e fugiu dela de todas as maneiras possíveis, no final a encontrou num rapazinho novo que lhe alterou por completo a vida toda, e os ideais que ela tinha sobre amor, vida e sexo. A Miranda (a ruiva) que é a personagem mais mordaz, cheia de ironia a vida toda... quase ácida, acaba por encontrar DUAS almas gémeas: o filho inicialmente ok... mas sobretudo o Steve, de quem também tentou fugir por achar que não era “ELE”... quem diria. A Carrie, tanto tentou fugir por saber que ele lhe ia fazer mal, mesmo acreditanto que ele era “the one” que... no final lá ficaram juntos. Sempre era para ser... ela sem ele ERA incompleta, o que é lindo é que ele diz-lhe o mesmo. A Charlotte, sim... foi a mais desesperada delas todas... mas quando menos esperava, lá encontrou a felicidade junto de um homem que a completou, e que era a antítese do que ela achava que iria ser a sua alma gémea.

E as coisas são assim e pronto...

headache said...

Eu bem disse que eram type characters. Não são representações realistas, exactamente porque, como a Shoo disse, cada uma acaba com o seu e aquilo mal ou bem dá sempre a volta para o lado delas (ah, uma delas teve cancro...? Pois, mas aquilo foi ao sítio). Na vida real não é assim... só as usei para ilustrar diferentes atitudes de cada uma perante a coisa, e essas sempre são bem mais verosímeis. Claro que não ilustram o espectro todo, mas elas eram só quatro... se fossem dez tínhamos um post mais para o completo.

Porcotte Pink said...

Poupem-me com analogias a séries de merda que não representam rigorosamente nada da vida real. Se me disserem que sim, é uma série com piada, com cenas disparatadas completamente irreais, ainda engulo. Mas continuo a achar uma forma degradante de retratar a mulher do dia a dia. Digo isto porque não me identifico com nenhuma delas.
Mas se gostam da série, força! Graças a Deus não somos todos iguas, senão era um enjoo!