21/01/2006

Eraserhead

O ano é 1977.

O primeiro filme comercial lançado por David Lynch tinha como nome Eraserhead. História: pouca ou nenhuma. Uma sucessão de imagens bizarras e surrealistas, acompanhadas muitas vezes de ruídos graves e maquinais, quase industriais.
A pouca narrativa que existe resume-se bem depressa: Henry tem um filho com a sua namorada, fortemente deformado, e que cria tensões grandes na sua relação. Um homem num planeta (Jack Fisk, futuro ex-cunhado de Lynch) mexe numas alavancas. Uma mulher com bochechas de esquilo canta num radiador que "In Heaven, everything is fine". O cérebro de Henry é transformado em borrachas cor-de-rosa para irem para as pontas dos lápis. Tenta meter os cornos à namorada com a vizinha do lado. O planeta explode e o puto vai com os porcos. Fim.










Bebé (?) deformado. Embora Lynch não revele, foi feito a partir de um feto de vaca.

Não é um filme fácil. A falta de estrutura narrativa não ajuda. Diálogos quase inexistentes, menos ainda. É um filme para sentir. Para ver e observar. Vezes e vezes sem conta. Este é, por excelência, o filme em que Lynch melhor revela a sua faceta de pintor/fotógrafo: cada cena poderia muito bem ser um quadro, mas com ligeiro movimento. Com subtilezas próprias.

NOTA: O filme esteve em produção durante 5 anos, e foi sendo filmado à medida que iam arranjando dinheiro. Nunca mais teve estes problemas, diga-se...

No comments: