24/01/2006

Dune

Kyle MacLachlan mete a mão na caixa da feiticeira. Fear is the mindkiller, dizia ele. Box dava para fazer muitos trocadilhos em inglês, mas não percamos tempo com isso.

A seguir a The Elephant Man David Lynch mete-se numa aventura bizarra com o experiente produtor Dino De Laurentiis. O resultado foi o relativo flop de bilheteira Dune.

Revelou-se impossível, na prática, adaptar para cinema o épico de Frank Herbert. O filme lá conseguiu ser feito à terceira tentativa, depois de duas tentativas europeias abortadas e demasiado dispendiosas (numa delas o Imperador Harkonnen seria interpretado por Salvador Dali). A tentativa americana tem como virtude ter chegado às salas de cinema, mas pouco mais que isso. Visualmente apelativo (como é apanágio de Lynch), o filme pecava pelo excesso de voice-overs, pouco realismo tendo em conta os livros e um passo ora pedestre ora demasiado acelerado.

David Lynch entregou quase três anos de sua vida a este projecto para ver o seu trabalho destruido na sala de montagens: embora no papel ele tivesse direito ao "final cut", a editora retalhou o filme e montou-o como quis, desvirtuando o esforço de Lynch. Obviamente desagradado, retirou o seu nome da ficha técnica, substituindo-o por Judas Booth.

Quanto à história em si, Paul Artreides (MacLachlan) cresce, vive no deserto com o Spice People, doma as minhocas, fica com olhos azuis, farta-se de gritar para uma máquina e faz chover pela primeira vez no planeta. The end.

Definitivamente, a hora mais negra de Lynch em Hollywood.

No entanto, nem só coisas más sairam deste filme, pois Lynch assinou com De Laurentiis um acordo em que só faria Dune se lhe fosse permitido fazer um filme à sua maneira. De Laurentiis manteve a sua palavra e assim surgiu... (ver próximo post)

1 comment:

Porcotte Pink said...

Desculpa mas aquele Barão é DO MELHOR!!!! E então com aquelas verrugas nojentas... Bem, temos homem!
DUNE RULES!