30/06/2009

Protestos à séria - com o maior civismo

Quando estive em Bruxelas na sexta-feira dia 19, os agricultores do paísdecidiram que era um bom dia para organizar um protesto. Para terem a certezinha absoluta que seriam ouvidos pelos políticos, nada como:

1 - Bloquear os acessos ao aeroporto de Bruxelas.
2 - Numa sexta-feira de tarde, quando muitos dos eurodeputados estão a voltar para casa. Também acontece ser dia de reunião do conselho europeu, logo muitos ministros e chefes de estado também lá estão nesse dia e vão de tarde de volta para o seu país.
3 - O resultado parece-me ser óbvio: não há ninguém, de todos os políticos presos no trânsito (eu também lá estava, mas não sou político, antes a morte que tal sorte) que não tenha ficado a conhecer o motivo do protesto.
4 - Quando a polícia começou a chegar aos pontos de bloqueio, os agricultores, com uma grande cultura cívica, retiraram os seus tractores de modo a deixar o trânsito fluir novamente. Sem gritos nem choradeiras. Já tinham marcado presença e sido entrevistados para as televisões.

Confirmei uma coisa que sempre suspeitei: o Chico-Espertismo/desenrascanço não são, nem nunca foram, características exclusivamente portuguesas. Vendo-se impedidos de prosseguir pela estrada, várias centenas de automobilistas decidiram ir por onde não havia tractores: pela relva. Prova fotográfica em baixo:


Até a senhora que me estava a dar boleia até ao aeroporto já estava a apontar a sua Audi A4 Avant no sentido do pasto quando de repente se abrem as estradas à nossa frente e lá chegámos "calmamente" às partidas.

Obviamente ligeiramente atrasado para o voo. E cheio de fome, já eram 16h00 e eu sem almoçar. Decidi comer alguma coisa a correr (Pizza Hut) e passar cerca de meia-hora a desesperar no controlo de segurança. Vou a correr para o portão de embarque, onde já sou um dos últimos a entrar. Mas escusava de ter corrido. Sua Exa. o Sr. Primeiro-Ministro de Portugal, um tal de J. Sócrates, chega ao avião com uns 15 minutos de atraso (não o poso culpar muito, o controlo de segurança era a lentidão que era e os agricultores tinham emprenhado o trânsito todo...).

Resumindo e concluindo: Agricultores portugueses (e demais classes profissionais), se querem ser ouvidos, basta uma pequena força de 3 ou 4 tractores para bloquear a garagem do parlamento, que garanto-vos que serão ouvidos! Pelo menos, ficam a saber quem vocês são e o que querem.

1 comment:

Restelo said...

ahahahahahah
e foste no mesmo avião que o nosso primeiro! não lhe perguntaste o teorema de pitágoras?