19/02/2008

São estes os nossos futuros líderes?...

...então mudem-me de planeta. Please.

Esta tarde, a pedido da minha antiga chefe, estive no ISTna qualidade de ex-aluno do meu curso. O objectivo era falar com alunos do secundário, actualmente com 16-17 anos, para lhes fazer ver como era o ensino universitário, o que esperar em termos de cadeiras (muita matemática, claro, não escapam), mercado de trabalho, funções de um engenheiro, etc etc.

Sai de lá triste com o que vi. Esta geração, da qual saí há 10-11 anos atrás, está cada vez mais infantil e cada vez mais se comportam como pré-adolescentes. Não parecem pessoas prestes a ter que fazer uma escolha das mais importantes das suas vidas - que curso seguir!

Entre 60 a 70 almas que me passaram hoje pela sala, apenas 4 ou 5 tinham uma ideia minima daquilo que queriam seguir. A resposta invariável era "não sei". Nem sequer sabiam responder se gostavam mais da área da saúde, das ciências fisico-químicas, etc. Uma grande indefinição e um grande vazio. Quando lhes referi que a matemática é essencial em qualquer curso da área científica, vi preocupação. Havia alunos com notas de 11 e 13, e eram as mais comuns. Num curso de ciências, imagine-se!

Pior ainda: a falta de educação de algumas criaturas. Deplorável. Os da terceira escola que me calhou não mereceram o meu tempo, e rapidamente virei costas, pois era óbvio que não estavam interessados no que eu tinha para dizer nem eu interessado em aturar uma data de miúdos com merdinha no cérebro. Os da primeira e segunda escolas, no entanto, revelaram-se bastante interessados e fizeram activamente perguntas. Gostei disso.


Ainda têm que comer muita sopinha até serem gente...
Tornam-se adultos cada vez mais tarde...

7 comments:

Restelo said...

Eu fui para o IST e tive média de 13 a Matemática. Algum problema??

Gi said...

Desculpa lá Headache, mas não posso concordar interiamente com o que tu dizes;
Se sempre houve adolescentes que souberam que área queriam seguir (que foi o meu caso e é por exemplo o caso do meu filho mais novo, actualmente no 11º ano), também há casos de adolescentes que não o sabem (caso do meu filho mais velho, bom aluno, que entrou este ano para a universidade, continua a tirar boas notas nas frequências), no entanto ainda não descobriu a sua vocação;
Isso não invalida que possam vir a ser bons futuros líderes, porque os actuais e já fizeram a escolaridade há bastante mais tempo, também não o são!
E tu, és bom líder?

headache said...

Para mim o problema maior não foi o da indecisão que vi, embora na minha geração diria que 50% das pessoas já teriam opinião formada do curso, ou pelo menos da área que desejavam seguir.


A infantilização da nossa juventude é para mim mais grave que as indecisões. Peço desculpa se não ficou bem explicito no texto.

Os professores com quem falei ontem queixavam-se exactamente do mesmo, e de terem por vezes problemas em lidar com este facto... chegam cada vez mais imaturos e despreparados à universidade. E como pode calcular, muitos entram em cursos para os quais não sentem vocação.

wednesday said...

headache, o problema às vezes não são eles. POrque de repente não se ficou com os adolescentes mais burros ou menos desenvolvidos. A culpa vem de cima: dos programas, das regras... Passa-se muita gente para contribuir para os números. Os programas cada vez são mais descabidos. A ligação ensino secundário e universitário cada vez é menor e depois claro que acontecem desgraças... E depois há sempre os factores externos: televisão, net, facilidades, despreocupação dos pais...

headache said...

Pois, eu deixei o capitulo das "culpas" em branco, porque não sei a quem atribuir estes tamanhos desinteresse e despreparação, se às escolas (programas/professores/etc.), se aos pais, à sociedade em geral, etc. Não quero entrar por aí. Só sei que não gostei do que vi, na maioria.

Francis said...

nem mais.

Francisco Ferreira said...

O problema maior da educação em Portugal foram políticas de esquerda na forma do nacional porreirismo. A escola tem de ser um sitio de trabalho e não de lazer. As crianças nunca podem sentir que é mais dificil chumbar do que passar, um professor quase que tem de pedir desculpa por chumbar um aluno.